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NOTA DE REPÚDIO À TENTATIVA DE SABOTAGEM POR MEIO DOS EVANGELICOS NA 2° ESPANTOMANIA

| segunda-feira, 22 de agosto de 2011 | |

No dia 20 de agosto de 2011 foi realizado o primeiro dia da 2° Mostra de Curtas de Horror/Sci-Fi Espantomania, situada no bairro do Grajaú, zona sul de São Paulo. De acordo com a direção do Cine Grajaú e da Casa de Cultura Palhaço Carequinha teríamos a nossa disposição a sala de exibição nos dois dias da Mostra (20 e 21 de agosto) e qual não foi a nossa surpresa ao saber que no mesmo dia teria uma "vigília" evangélica ministrada pela “Igreja Pentecostal Tocha Acesa” dentro da sala de cinema que se iniciaria às 23h30min e se encerraria na manhã de domingo. Eu até achei estranho eles utilizarem a sala de cinema para o culto sendo que a própria Casa de Cultura Palhaço Carequinha tem um teatro duas vezes maior que o cinema, mas nem levei o fato em consideração.

Ficamos chocados no começo, mas no resto do dia levamos tudo na esportiva, pois a mostra terminaria em torno das 20h00min e só retornaria no dia seguinte (domingo, dia 21 de agosto) a partir das 10h30min. Quando chegamos ao local (Diego A. Horta e eu) e nos preparávamos para testar os equipamentos e filmes que participariam da sessão Competitiva do evento notamos que havia algo de errado com o equipamento. As mesas de som tiveram sua programação alterada, cabos de som foram escondidos (se não roubados ou destruídos!) e todo o sistema de retorno das caixas de som estavam mudas. Como chegamos antes da abertura do espaço cultural chegamos a pensar que poderia se tratar de uma pane geral no prédio (tirando de base a inundação que acabou por destruir parte do cinema no começo de 2010), mas no decorrer do dia as demais salas de atividades (capoeira, balé, street dance etc) começaram seus trabalhos e somente a sala do cinema permanecia avariada. Seria uma triste coincidência?

Pois apresentarei aqui alguns fatos que provam o contrário.

A Mostra Espantomania é um evento performático. A cada ano dedicamos a mostra a algum gênero ou personagem do gênero horror/fantástico e todo o design e propaganda gira em torno do tema escolhido. No ano passado homenageamos o grande mestre Forrest J. Ackerman e boa parte das exibições foram baseadas no cinema fantástico dos anos 50, 60, 70 e 80.  Como não tivemos nenhum patrocínio financiamos a estréia do projeto Espantomania com o nosso próprio dinheiro e apesar do maravilhoso retorno por parte dos participantes e dos espectadores ficamos meio que “afogados” em algumas dívidas e a elaboração de uma segunda edição da Mostra começou a parecer um sonho distante.

No início do ano de 2011 toda a galera ligada ao horror começou a nos cobrar uma segunda edição da mostra e numa brincadeira eu disse que só haveria uma segunda edição do evento se eu ficasse rico ou vendesse minha alma ao “diabo”, pois ainda estávamos pagando os débitos do ano anterior e estávamos realmente sem nenhuma condição de realizar as correrias necessárias para a mostra. Um grande amigo meu (Alfer Medeiros) então me falou que ajudaria com uma singela porcentagem financeira e se todos os envolvidos ajudassem como se fosse uma “grande vaquinha trash” o festival poderia retornar para assombrar o Grajaú em agosto. Resolvi adotar a idéia e apresentar algumas coisas que poderia ser feitas na Mostra se recebêssemos algum apoio financeiro... e não é que a coisa começou a funcionar?

De maio a agosto conseguimos dobrar a quantidade de inscrições e inclusive chegamos a apresentar participantes de quatro países diferentes na mostra Competitiva (França, Espanha, Estados Unidos e Portugal). A verba conseguida no decorrer destes meses nos ajudou a levar novamente este sonho pra frente e com uma qualidade nunca antes apresentada em nenhuma outra casa de cultura da região. Camisetas personalizadas para a equipe de produção, crachás para os convidados e diretores participantes de vários estados do Brasil, fanzines, brindes para o público e até um catálogo com toda a programação dos dois dias que traziam toda a informação dos filmes exibidos.

Nas redes sociais os amigos e entusiastas do gênero horror/fantástico nos cumprimentaram pela dedicação e fizeram até piadas sobre meu comentário no início do ano: “E aí, Godoy... tá bonita a produção, heim? Conseguiu vender a alma?”. Usando esta brincadeira de base resolvemos “encapetar” o design da Mostra este ano utilizando uns trabalhos em Photoshop que eu havia feito com fotos de R. Raven e o logo da 2° Espantomania seria uma diabona seminua sentada no inferno e com rolos de filme transparentes de fundo. A idéia não era “promover o satanismo” (ainda mais que eu nem curto este lance de religião) e sim uma piada interna sobre como comemos o “pão que o Diabo amassou” pra montar esta segunda edição e se realmente comemos o dito “pão“ nada mais justo ele ser amassado por uma capetôna gostosa.

Acontece que os evangélicos não entenderam a piada (eles nunca entendem nada mesmo!) e resolveram sabotar o equipamento na mais pura maldade e preconceito e até arrisco que isso foi um crime premeditado. De acordo com a direção do espaço cultural (sediada por Lebos Ribeiro Chaguri) a reunião religiosa não teve permissão de utilizar o espaço, mas isso não impediu o grupo de realizar a tal “vigília” num dia propício. Nos domingos, nenhum dos funcionários do Cine Grajaú trabalha e apenas os seguranças ficam no local, o que facilitou a atitude criminosa dos evangélicos. Atrapalhando a parte elétrica do cinema no sábado não teríamos a quem recorrer para os reparos e manutenção dos equipamentos. Foram horas de correria e stress até que chegamos a contratar um técnico para resolver o problema, mas duas horas de programação foram descartadas (Mostra Paralela de curtas e a apresentação do documentário “Fanzineiros do Século Passado”) e muitos dos visitantes acabaram por ir embora antes da resolução dos problemas.

Mas graças a Deus (Anderson “DEUS” Godoy, o técnico de informática que foi a salvação da Mostra Espantomania - 2011) o restante do evento correu sem nenhum contratempo e os poucos corajosos que resolveram ficar até o final tiveram seus trabalhos apresentados e votados como mandava o figurino, mas a sombra do descaso com a Mostra Espantomania pairava nos comentários entre as pausas das exibições. Que tipo de religião tem o poder de decidir o que pode ou não pode ser exibido? Acho que estamos no ano de 2011 e não nos “Anos de Chumbo” de 32 onde o Exército e a Igreja ditavam as regras do que é ou não “saudável” socialmente. A censura contra a arte está tomando força a cada dia e se deixarmos esta ação pendente o que virá a seguir? Vamos ter que realizar mostras de cinema de horror sem sangue ou monstros para podermos propagar o gênero?

Deixo aqui este desabafo e peço desculpa a todos os participantes lesados nesta edição da Mostra Espantomania e garanto a todos vocês que isso não ficará impune e todas as medidas serão tomadas para acabar de uma vez por todas com este fascismo religioso que assolou a zona sul de São Paulo este final de semana.

Atenciosamente.

Iam Godoy – Organizador da Mostra Espantomania de Cinema Fantástico.


7 comentários:

Alvaro Domingues Says:
22 de agosto de 2011 às 08:20

Absurdo! Será que eles não vão aprender que a intolerância é o verdadeiro mal?

P.P.F. SIMÕES Says:
22 de agosto de 2011 às 08:28

Super divulgando



http://ppfsimoes.wordpress.com

Kampos Says:
22 de agosto de 2011 às 08:40

Saudações!!

Pois é... Quando achamos que a liberdade de expressão existe para todos acabamos por quebrar a cara.

Sei como se sente... Eu como escritor já sofri preconceito enorme em feira de livros... Mas fui capaz de contornar na medida do possível...

Mas não se deixe abater por isso... Use essas pessoas como motivação para propagar ainda mais a arte... Eles querendo ou não!

Sucesso a todos!!

Kampos

rubenbender Says:
22 de agosto de 2011 às 11:02

Pessoal, lembrem-se de não generalizar quando forem repudiar algo, quando se diz "Repúdio aos Evangélicos" por conta disso ou daquilo, estão colocando todos no mesmo barco, lembrem-se que existem igrejas e igrejas, infelizmente pagando-se algumas "taxinhas", qualquer um, e digo qualquer um mesmo, pode criar um culto ou igreja, sejam bem específicos quando forem protestar, evitem "caça as bruxas".Ok?

Carolina Mancini Says:
22 de agosto de 2011 às 14:30

Não há limites para o fascismo religioso.

beronique Says:
22 de agosto de 2011 às 15:49

Moro numa cidade religiosa, e aqui é foda ser uma amante/escritora de fantasia e terror, parece que to adorando o diabo, affff.....U_U...confesso que as vezes fico bem reprimida aqui quanto ao que gosto, não se trata de falta de coragem em expressar minhas afinidades, mas de compreensão do próximo...

Lie Says:
2 de setembro de 2011 às 08:16

Tipo a igreja se chama mesmo tocha acessa? Só eu que rachei de rir desse nome???

Ridículo

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